Sessão Coordenada 11 TRABALHO, RACIALIZAÇÃO E PÓS-ABOLIÇÃO

RESUMOS EXPANDIDOS DAS SESSÕES COORDENADAS

Dia 28/10/2015 – Quarta-feira

13h30 às 15h15 – Sessão Coordenada 11
TRABALHO, RACIALIZAÇÃO E PÓS-ABOLIÇÃO
COORDENADOR: PROF. DR. ÁLVARO NASCIMENTO (UFRRJ)

Trabalho livre para além do assalariamento: campesinato negro no pós-Abolição, nem cativos, nem operários
Rodrigo de Azevedo Weimer (Pós-Doutor em História - FEE)
Palavras-chave: escravidão – campesinato - operariado
Resumo expandido:

Os estudos sobre as relações livres de trabalho têm ensaiado aproximações às pesquisas sobre a escravidão e o pós-Abolição. A comunidade negra passa a ser considerada importante para a compreensão da trajetória dos trabalhadores urbanos brasileiros e a ser valorizada pelos historiadores do operariado. Assim, campos historiográficos distintos têm buscado intersecções. Uma convergência está no fato de que ambos se beneficiaram, a partir da década de 1980, dos aportes da história social, ao reconhecer o poder da ação subjetiva de sujeitos históricos operários ou (ex-) escravizados (CHALHOUB E SILVA, 2009). Em ambos casos, a história tem rejeitado as perspectivas que reduzem trabalhadores, livres ou não, a uma situação de passividade. Algumas vezes, porém, essa combinação se dá principalmente em função das agendas de pesquisa dos estudiosos do movimento operário. Busca-se no escravo um sujeito vinculado à formação da classe operária brasileira, em termos thompsonianos. Essa perspectiva revelou-se fértil, ensejando estudos inovadores e que trouxeram uma releitura do fazer-se do proletariado nacional, ao destacar as interfaces entre o trabalho artesanal e escravo (MAC CORD, 2012), o recrutamento de operários entre os nacionais/negros (LONER, 2001), e ainda experiências de luta coletiva no seio do que se entendeu como combate à escravidão (BADARÓ DE MATTOS, 2008) – como as greves de cativos (LONER, 2000, BADARÓ DE MATTOS, 2008). Incorporou-se, então, na discussão sobre a constituição da classe trabalhadora, um segmento social relevante omitido. 
Por outro lado, as experiências sociais específicas dos sujeitos sociais escravizados, ex-escravizados ou descendentes não adquirem muito relevo por si sós. Em alguns estudos, eles se tornam dignos de interesse na medida em que porventura contribuíram para a constituição do operariado. Além disso, não há muito diálogo com os estudos que problematizam os significados da liberdade impressos pelos próprios escravos durante a vigência do cativeiro. Basicamente, trata-se de perceber parâmetros culturais específicos dos forros e expectativas de vida livre contrastivas à escravidão (MATTOS, 1998, MACHADO, 1994). Elas não implicavam em uma busca pelo assalariamento e não podem ser menosprezadas ao pensar a transição do trabalho livre ao escravo. Um aspecto fundamental rejeitado pelos libertos era o trabalho para outrem (por exemplo, MATTOS DE CASTRO, 1987, SCOTT, 1991, HOLT, 1992 e 2005, GUEDES, 2008). O trabalho desta natureza abrangia tanto o trabalho escravo quanto operário. Os antigos escravos aspiravam ao trabalho para si: a produção familiar camponesa, e não a autoconstituição como operariado. Essa perspectiva foi apontada por alguns autores como um “projeto camponês” (RIOS, 2005, RIOS E MATTOS, 2007). Dessa forma, há que cuidar com possíveis teleologias ao colocar em perspectiva a participação de ex-escravos na constituição da classe operária. Esse é um problema na obra de um autor como Florestan Fernandes (1965), que inferiu a inexistência de uma ética do trabalho entre ex-escravos “anômicos” e “pouco integrados socialmente”. Em sua fixação no trabalho fabril, os autores da escola sociológica paulista, ao ignorar as pretensões ao estabelecimento autônomo, não encontraram libertos com a esperada ética de trabalho. A realização de uma discussão nesse sentido é o objetivo desta comunicação. A partir da análise detida no campesinato negro no litoral norte do Rio Grande do Sul, quer-se problematizar a relação entre trabalho livre e escravo, sublinhando que existem modalidades de liberdade que escapavam ao assalariamento; eram estas as almejadas pelos sujeitos históricos em questão. Observo a região que hoje emerge como “comunidade remanescente de quilombos” do Morro Alto, a partir do pleito de direitos constitucionais com base étnica (BARCELLOS ET AL., 2004). Localiza-se na divisa entre os municípios de Osório e Maquiné, basicamente entre as lagoas dos Quadros, Pinguela e o espigão do Morro Alto. Nessa região, após o fim do cativeiro, formou-se um vigoroso campesinato negro, por meio de doações senhoriais, continuidade informal de posse ou aquisição de lotes. Investigam-se os fundamentos históricos da ocupação territorial coletiva. Este segmento social definiu rotinas e ritmos de trabalho próprios, regras de casamentos, legitimidade, compadrio e heranças, padrões de cooperação vicinal, enfim, um sistema sócio-econômico diverso do capitalista. A localidade veio a monetarizar-se e a inserir-se de forma mais plena em uma economia de mercado muitos anos após 1888. (WEIMER, no prelo). Irei me ater ao imediato pós-abolição, basicamente, às quatro décadas posteriores ao 13 de maio, cruzando depoimentos que recuperam a tradição oral com documentação variada, coletada em arquivos ou cedida pelos entrevistados. Por meio desse cotejo, acredita-se ser possível acessar as formas como essas experiências sociais foram vividas ou rememoradas. Por campesinato, entende-se um segmento de produtores amparado no trabalho familiar e na posse da terra. As mesmas pessoas ocupam simultaneamente os papéis de empresários e consumidores. Em momentos de maior ou menor agudeza da relação entre bocas para comer e braços para trabalhar – estabelecida pela dinâmica da composição familiar ao longo dos anos –, os trabalhadores podem administrar graus diferenciados de auto-exploração da mão-de-obra familiar ou graus de conforto disponíveis (CHAYANOV, 1974, 1979). Sendo assim, trata-se de uma modalidade de trabalho livre distinta do assalariamento, correspondente à ambição dos ex-escravos de labutar para si e à rejeição à submissão a terceiros – presente quer no trabalho escravista, quer no industrial. Acredita-se que a pretensão ou aspiração ao autossustento corresponda à da maior parte dos negros do Rio Grande do Sul depois de 1888. Não se pretende minimizar a importância dos estudos que destacam o recrutamento de operários nacionais/negros no trabalho fabril, devolvendo seu lugar na formação da classe operária. Não se compreende, porém, que as reflexões sobre os mundos do trabalho entre a comunidade negra não levem em conta a situação dos que se encontravam distantes dos centros industriais. Não eram, não podiam e não pretendiam ser assalariados. Por meios indiretos, a redução do trabalho de ex-escravos aos parâmetros da produção industrial atualiza o etnocentrismo de Fernandes (1965), na medida em que se mostra incapaz de perceber experiências específicas da comunidade negra e procura “encaixá-la” em modelos heurísticos apropriados aos imigrantes europeus. Baseio-me em dados que indicam para um caráter majoritariamente agrário da sociedade rio-grandense na aurora da República. A partir de uma projeção linear de dados censitários de 1920, 1940 e 1950 (FEE, 1981, p. 127, 147 e 175), é possível estimar em pouco mais de 80% a população rural do Rio Grande do Sul em 1890. Levando em conta que o ritmo de urbanização foi crescente, este índice deve ter sido ainda superior. As migrações rural-urbanas, sejam no Rio Grande do Sul, sejam em outros lugares do Brasil, intensificaram-se gerações mais tarde. Apenas em meados do século XX esse segmento populacional dirigiu-se de forma massiva às urbes (PATARRA, 2007, COSTA, 2008, WEIMER e KLAFKE, 2015).  Se é necessário assinalar a contribuição do operariado negro, especialmente do instalado em cidades como Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas, também cabe ponderar que o trabalho camponês sobressaía, tanto em sua incidência numérica quanto como projeto social. Assim sendo, as reflexões acerca do processo de constituição de um mercado de trabalho livre não podem seguir contemplando apenas as experiências de trabalho assalariado. A dissociação entre trabalho livre e assalariamento se faz necessária a fim de entender que a experiência camponesa é de suma importância: extrapola e precede a proletarização. Deve ser entendida em seus próprios termos, e não em função de apropriações teleológicas.
Bibliografia citada:
BADARÓ MATTOS, Marcelo. Escravizados e livres. Experiências comuns na formação da classe trabalhadora carioca. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2008.
BARCELLOS, Daisy M.; CHAGAS, Miriam de Fátima, FERNANDES, Mariana Balen; FUJIMOTO, Nina Simone; MOREIRA, Paulo Roberto Staudt; MÜLLER, Cíntia Beatriz; VIANNA, Marcelo; WEIMER, Rodrigo de Azevedo. Comunidade negra de Morro Alto. Historicidade, identidade e direitos constitucionais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.
CHALHOUB, Sidney e SILVA, Fernando Teixeira. Sujeitos no imaginário acadêmico: escravos e trabalhadores na historiografia brasileira desde os anos 1980. In: Cadernos AEL, v.14, n. 26, 2009.
CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión SAIC, 1974.
COSTA, Carlos Eduardo C. Campesinato negro no Pós-Abolição: Migração, Estabilização e os Registros Civis de Nascimentos. Vale do Paraíba e Baixada Fluminense, RJ (1888-1940). Dissertação (mestrado em História), Programa de pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus Editora, Editora da USP, 1965.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA — FEE (RS). De província de São Pedro a Estado do Rio Grande do Sul. Censos do RS: 1803-1950. Porto Alegre: FEE, 1981.
GUEDES, Roberto. Egressos do cativeiro. Trabalho, família, aliança e mobilidade social. (Porto Feliz, São Paulo, c. 1798-c.1850). Rio de Janeiro: Mauad X: FAPERJ, 2008.
HOLT, Thomas C. The problem of freedom: race, labor, and politics in Jamaica and Britain, 1832-1938. Baltimore / London: The Johns Hopkins University Press, 1992.
HOLT, Thomas C.  A essência do contrato – A articulação entre raça, gênero sexual e economia política no programa britânico de emancipação, 1838-1866. In: COOPER, Frederick; HOLT, Thomas C.; SCOTT, Rebecca. Além da Escravidão: investigações sobre raça, trabalho e cidadania em sociedades pós-emancipação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
LONER, Beatriz. Construção de classe: operários de Pelotas e Rio Grande (1888-1930). Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. Ed. Universitária: Unitrabalho, 2001.
LONER, Beatriz. Antônio: de Oliveira a Baobad. In: GOMES, Flávio e DOMINGUES, Petrônio. Experiências da Emancipação. Biografias, Instituições e movimentos sociais no pós-Abolição (1890-1980). São  Paulo: Selo Negro, 2011.
MAC CORD, Marcelo. Artífices da cidadania. Mutualismo, educação e trabalho no Recife oitocentista. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.
MATTOS, Hebe Maria. Das cores do silêncio. Campinas: Editora da Unicamp, 2013 (3ª edição).
MACHADO, Maria Helena.  O plano e o pânico. Os movimentos sociais na década da Abolição. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, EDUSP, 1994.
MATTOS DE CASTRO, Hebe Maria. Ao sul da história. Lavradores pobres na crise do trabalho escravo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
RIOS, Ana L. Filhos e netos da última geração de escravos e as diferentes trajetórias do campesinato negro. In: ________. e MATTOS, Hebe Maria. Memórias do cativeiro. Família, trabalho e cidadania no pós-abolição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
PATARRA, Neide L. Dinâmica populacional e urbanização no Brasil: o período pós-30. In: FAUSTO, Boris (Org.) História geral da civilização brasileira: economia e cultura (1930-1964),v. 11, 9a Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. Tomo III, p. 305-333.
RIOS, Ana L. e MATTOS, Hebe Maria. Para além das senzalas: campesinato, política e trabalho rural no Rio de Janeiro pós-Abolição. In: CUNHA, Olívia Maria Gomes da; e GOMES, Flávio dos Santos. Quase-cidadão. Histórias e antropologias do pós-emancipação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
SCOTT, Rebecca. Emancipação escrava em Cuba: a transição para o trabalho livre 1860-1899. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1991.
WEIMER, Rodrigo de Azevedo e KLAFKE, Álvaro Antonio. Contribuições para o estudo das migrações rural-urbanas no Rio Grande do Sul, entre 1943 e 1963: o ponto de vista dos sujeitos sociais. Textos de Discussão FEE 134. Porto Alegre: FEE, 2015. Disponível on-line: < http://www.fee.rs.gov.br/wp-content/uploads/2015/07/20150707contribuicoes-para-o-estudo-das-migracoes-rural-urbanas-no-rio-grande-do-sul-entre-1943-e-1963_-o-ponto-de-vista-dos-sujeitos-sociais.pdf> Acesso em 13 de outubro de 2015.
WEIMER, Rodrigo de Azevedo. Os camponeses do Morro Alto. Família e trabalho no litoral norte do Rio Grande do Sul no pós-Abolição (1890-1930). (no prelo).



“Aparências que iludem”: cor, classe e criminalidade na Porto Alegre dos anos 1930
Sarah Calvi Amaral Silva (Doutoranda em História - UFRGS)
Palavras-chave: cor - classe – criminalidade
Resumo expandido:
No dia 12 de setembro de 1938, Oscar Schaeffer, vulgo “dente de ouro”, foi preso em flagrante na rua Voluntários da Pátria, por volta das 11:30, após ter sido vigiado durante alguns dias por um inspetor da Polícia Civil, a pedido dos donos da firma Irmãos Schneider & Cia. Depois de solicitar ao guarda-livros, Otto Nast, mercadorias que encontravam-se no depósito do estabelecimento, Oscar supostamente teria aproveitado a ausência momentânea do funcionário para furtar limas de aço, canivetes e outros itens, procedimento este supostamente repetido inúmeras vezes, em diferentes ocasiões. Segundo as informações do processo, a mercadoria era sistematicamente vendida para Inácio de Andrade, Gomercindo Toldo e Frederico Gaertner, todos pequenos comerciantes, acusados de receptação. Oscar Schaeffer, tamanqueiro, branco, analfabeto, data de nascimento ignorada, fora indiciado por furto, o que lhe traria complicações legais, já que ele havia sido preso anteriormente como “gatuno” e “batedor de carteira”. Nos depoimentos de indiciados e testemunhas, prestados na polícia e em juízo, muitas foram as versões contadas para este crime. Não obstante as nuances nelas contidas, tornaram-se constantes nas falas dos receptadores a quase ausência de desconfiança quanto à origem ilícita dos itens vendidos por Oscar, bem como a negativa de Oscar acerca da acusação a ele imputada. Por sua vez, elementos destes e de outros depoimentos apareceram rearticulados nas teses de defesa dos advogados constituídos para o caso. Dentre esses elementos, um dos mais marcantes consiste na afirmativa de que Oscar havia abusado da confiança de Otto Nast, que todos os dias o recebia na hora do almoço como um vendedor de frutas dotado de “boa apresentação física”, “maneiras corteses” e “correto vestuário”. Essas características teriam dificultado a associação da figura de Oscar com a de um ladrão convencional tanto por parte de Otto, quanto dos outros réus. Segundo um dos advogados, a aparência de Oscar “iludiu” os demais envolvidos; tal aparência era a de um homem branco e adequadamente vestido.  O objetivo desta comunicação é analisar a construção do perfil criminal de Oscar, ocorrida ao longo de todo o processo de furto e receptação, através das tensas relações estabelecidas entre acusados, testemunhas, ofendidos, policiais, peritos e juristas. Circunstancialmente alocados nos mesmos ambientes, esses personagens ajudam a descortinar os mecanismos por meio dos quais classificações de cor poderiam ser manipuladas, no sentido de atribuir comportamentos e características diferenciadas a homens partícipes de um mesmo crime. Em peças produzidas na rotina policial (termos de declarações, principalmente), a cor aparece combinada a outros qualificativos, como a nacionalidade, a ocupação profissional, o grau de instrução e a residência que, juntos, deveriam fornecer os primeiros dados de identificação das partes envolvidas. Já nas formalidades jurídicas, a cor não consta entre os qualificativos nas “assentadas” de réus e testemunhas. Porém, nos libelos de defesa vem embutida em “doutrinas” utilizadas na argumentação dos juristas, em códigos morais e culturais ativados para significar condutas, em opiniões de autoridades travestidas de ciência. Ainda, vez por outra, a cor é implicitamente associada a determinados comportamentos, mencionados em depoimentos nos quais é igualmente possível entrever alguns significados a ela atribuídos. Dessa forma, duas frentes tornam-se pertinentes para a análise proposta. Elas correspondem aos caminhos adotados nesta comunicação para perscrutar o complexo percurso de significação da expressão “boa apresentação física” e, com isso, a construção do perfil criminal de Oscar. A primeira refere-se a formalidades técnicas, tais como: a atribuição dos qualificativos acima citados; a confecção da Ficha de Identidade de Oscar Schaeffer pelos peritos do Instituto de Identificação da Polícia Civil, na qual constam “Registro Geral”, “Filiação Morfológica”, “Caracteres Cromáticos”, “Marcas Particulares” e “Boletim de Antecedentes”; a enunciação de teses pelos advogados dos réus no Tribunal do Júri, onde as expressões “boa apresentação física” e “correto vestuário” reportam-se, também, aos dados da ficha; a emissão das sentenças pelo juiz, baseadas nos elementos de prova. Essas práticas eram desencadeadas por sujeitos específicos, encarregados de produzir as peças que compunham o processo criminal, informados pela redefinição dos procedimentos científicos da Polícia Civil brasileira nos anos 30, bem como por debates doutrinários em torno do Direito Penal. Na esteira de tais transformações, as classificações de cor, combinadas a outros marcadores físicos, foram pensadas nos campos da identificação civil e criminal, da medicina legal, da criminologia e de novos e velhos saberes jurídicos. Em maior ou menor medida, esses campos foram atravessados por discussões tocantes à raça. De maneiras diferentes, o conjunto de elementos apresentado pode ser vislumbrado em revistas e textos de época, decretos oficiais e processos criminais. Já a segunda frente de análise, consiste na percepção do confronto entre juízos de valor, códigos morais e experiências colocados na conflituosa arena dos sistemas repressivo e de justiça. Autoridades classificavam pessoas e interpretavam condutas com base em seus lugares sociais e institucionais de poder privilegiados, informadas por saberes definidos como científicos e por percepções erigidas na confluência dos próprios lugares que ocupavam. Mas, as pessoas classificadas também traziam significações sobre si mesmas em termos sociais e comportamentais. Nesse sentido, suas experiências tencionavam as atividades das próprias autoridades, ajudando a preencher o conteúdo de categorias de cor e correlatas. Essa movimentação de mão dupla e profundamente desigual se deu no bojo do projeto de nação de Getúlio Vargas, encarregado de levar o país ao progresso, estabelecendo novos patamares de valorização do trabalho. Além das tantas reformas políticas e institucionais - entre as quais inclui-se a reestruturação da Polícia Civil brasileira -, a presença de imigrantes europeus brancos e seus descendentes ocupava posição privilegiada. Afinal, suas qualidades raciais consideradas superiores seriam imprescindíveis para a conformação da mão-de-obra nacional. Nesse contexto, os juízos de valor das autoridades – em grande medida, oficialmente sintonizadas com as pretensões varguistas – sobre quem seriam os “gatunos”, entravam em conflito com as experiências dos próprios sujeitos que assim eram rotulados. E que, por certo, não se viam exatamente da mesma maneira que os homens de ciência os enxergavam. A nação idealizada deveria ser formada por indivíduos produtivos e trabalhadores. No entanto, as condições e modos de vida desses trabalhadores encontravam-se em permanente tensão com as normas estabelecidas, e com parte das idealizações das elites.Dessa forma, na segunda parte da comunicação busca-se problematizar os possíveis significados da cor tanto nos ambientes institucionais em questão, para além de (ou em consonância com) procedimentos técnicos e científicos, quanto no mundo do trabalho urbano na década de 30. Assim, pretende-se apontar articulações entre estes significados e as categorias manipuladas pelas autoridades, ativadas à sua maneira por pessoas “comuns” em situações de criminalidade. Tais aspectos podem ser percebidos, também de maneiras distintas, nas mesmas revistas, textos, decretos e processos utilizados na primeira parte desta análise. É neste duplo terreno, portanto, que buscou-se compreender os sentidos da “boa apresentação física”. A expressão fora atribuída a Oscar Schaeffer, acusado de furto em 1938, cuja condição social era, afinal, a menos privilegiada entre os réus do processo, todos integrantes de setores da classe trabalhadora branca porto-alegrense.


Trajetórias negras santamarienses no pós-abolição: o caso do clube União Familiar e sua rede
Franciele Rocha de Oliveira (Mestranda em História - UFSM)
Palavras-chave: Clube União Familiar - organizações negras em Santa Maria - pós-abolição
Resumo expandido:
Este trabalho aborda o desenvolvimento das pesquisas realizadas, que resultaram no Trabalho de Conclusão de Graduação em História pela UFSM, intitulado “Moreno Rei dos Astros a Brilhar, Querida União Familiar: Trajetória e Memórias do Clube Negro Fundado em Santa Maria, no Pós-Abolição” e também no Projeto de Mestrado intitulado, “Trajetórias Negras Santamarienses no Pós-abolição: O Caso do Clube União Familiar e Sua Rede”, ambos de criação da autora, orientados pelo Prof. Dr. Diorge Alceno Konrad e co-orientados pela Prof. Drª. Beatriz Ana Loner. São sujeitos dessas pesquisas, comunidades negras, compostas por pessoas que foram escravizadas e seus descendentes e que na cidade fundaram organizações diversas, no período posterior à abolição da escravatura, e que, entre outras razões, as ergueram como forma de garantir direitos, realizar práticas de cultura, lazer e convivência entre os seus, criando laços de amizade, família e trabalho, no anseio de construir uma imagem positivada de si e dos seus iguais e assim também quem sabe, buscar melhorias nas suas condições de vida e trabalho. O foco desta pesquisa está no Clube União Familiar (1896) e na rede que o cercava, envolvendo suas relações com a Irmandade do Rosário (1889), a Vila Operária Brasil (1911), local onde o Clube estava situado; o Bloco Carnavalesco Rancho Succo, fundado por volta dos anos 20 e o Jornal Negro O Succo. No início de 2010, um estágio e trabalho voluntário faz com que a autora conheça o Museu Treze de Maio e dentro dele, um “universo negro”, que na cidade ainda é pouco reconhecido. Atrelado ao aprendizado no Museu estava à constatação da invisibilidade, uma vez que nos Bairros do Rosário e Bom Fim (territórios de presença negra e onde espaços como o Treze se localizam), escolas e livros locais, pouco se fala sobre a comunidade negra, sua História e trajetórias, diferente da abordagem percebida com relação a outros grupos étnicos na cidade. O contato tardio da autora com o Museu é exemplo disto, já que como moradora desses Bairros, foi apenas em 2010 que soube da existência do Museu, de sua antiga Sociedade Negra Treze de Maio, e através dele, da Irmandade do Rosário e também do Clube União Familiar.A relação estabelecida no Museu, ao ouvir os relatos e os significados atribuídos pela população negra, acerca dos espaços negros locais, unida à constatação da invisibilidade historiográfica municipal faz com que esse estudo surja, ainda na graduação da autora, com foco para a história do Clube União Familiar, que é anterior ao Treze, que não possuía pesquisa documentada e que mantém seu espaço físico, sediando outras funções pelas quais não fora criado. Atualmente, em nível de pós-gradução, o objetivo geral dos estudos é aprofundar nas relações do Clube União Familiar e sua rede, revisando essas conexões, através da análise de fontes inéditas à pesquisa e apontando novos rumos em torno dessa rede, tendo em vista a realidade vivenciada pelas comunidades negras locais no pós-abolição, que fazem permanecer estratégias de resistência ou ainda desenvolverem novas estratégias, procurando, de forma geral, a melhoria na condição de vida e trabalho da comunidade negra em questão. Portanto pretende-se também, especificamente: 1. Aprofundar as relações já descobertas em torno do clube, como por exemplo, o que sustenta tais relações, o que aproxima e/ou distancia os componentes da rede relacionada ao Clube União (Vila Operária Brasil, Bloco Carnavalesco Rancho O Succo, Jornal Negro O Succo); 2. Investigar se houve relações entre o Clube União e a Irmandade do Rosário e seus desdobramentos; 3. Inovar as fontes relativas à pesquisa do Clube União Familiar e sua rede, acrescentando corpo inédito de fontes orais, documentais e iconográficas. 4. Discutir de que maneira as relações estabelecidas entre os componentes da rede, em torno do Clube União, podem ser compreendidas como parte de uma estratégia de resistência. 5. Apontar minimamente a trajetória dos componentes da rede em torno do Clube União, buscando compreender também como essa rede foi desfeita ao longo do tempo e os motivos de seu desaparecimento. O referencial bibliográfico deste estudo tem como principais obras àquelas relacionadas ao pós-abolição, ao protagonismo negro e ao mundo do trabalho, com foco para textos que abordam a cultura de resistência das comunidades negras, os clubes sociais negros e demais organizações e que ajudam aprofundar nos conceitos e significados de: cultura de resistência, redes, sociabilidade, carnaval e mutualismo. Tais como: CHALHOUB (1990; 2010), PESAVENTO (1989), MÜLLER (1999), LONER (1999; 2001), DOMINGUES (2004), GRIGIO (2003), XAVIER (2007), ESCOBAR (2010), NUNES (2010), SILVA (2011), SANTOS (2011), GOMES; DOMINGUES (2001) E WEIMER (2013). O desenvolvimento do trabalho permitiu o avanço na crítica, acerca da invisibilidade negra na historiografia local, bem como tornou possível uma ampla busca pelas mais diversas fontes históricas, que permitiram romper com esse “silêncio” acerca da história desses espaços negros. Nesse sentido “mapeou-se” até o presente momento cerca de 200 fontes, presentes em arquivos, casas de memória, cartórios, bancos de dados online e acervos particulares, envolvendo fontes orais (13 entrevista), documentais (jornais locais e de âmbito estadual, processos crime, habilitações de casamento, estatutos, carteiras, convites e registros de pagamentos do clube, etc.) e iconográficas (fotografias). A partir das quais, por meio de análises, críticas e cruzamentos, torna-se possível a construção de perfis dos envolvidos, suas práticas e concepções, na construção futura de redes relacionais mais completas.
Referências Bibliográficas:
CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: Uma História das Últimas Décadas da Escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
CHALHOUB, Sidney. Precariedade Estrutural: O Problema da Liberdade no Brasil Escravista (século XIX). In: Revista História Social. Campinas, n. 19, 2010.
DOMINGUES, Petrônio. Uma História Não Contada: Negro, Racismo e Branqueamento em São Paulo no pós-abolição. São Paulo: Senac, 2004.
ESCOBAR, Giane Vargas. Clubes Sociais Negros: Lugares de Memória, Resistência Negra, Patrimônio e Potencial. Santa Maria: UFSM, 2010. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.
GOMES, Flávio; DOMINGUES, Petrônio. (org.). Experiências de Emancipação: Biografias, Instituições e Movimentos Sociais no Pós-abolição (1890-1980). São Paulo: Selo Negro, 2011.
GRIGIO, Ênio. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, em Santa Maria (1873-1915): Uma Trajetória de Conflitos. Santa Maria: UFSM, 2003.
LONER, Beatriz Ana. Negros: Organização e Luta em Pelotas. In: História em Revista, Pelotas, v.5, p. 7-27, dez. 1999.
LONER, Beatriz Ana. Construção de Classe: Operários de Pelotas e Rio Grande, 1888-1930. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária – UFPEL/Rede Unitrabalho, 2001.


Raça, classe e sociabilidade: possibilidades de acesso às experiências de classe no pós-abolição Brasil-Uruguai (déc.1920 - déc. 1960)
Fernanda Oliveira da Silva (Doutoranda em História - UFRGS)
Palavras-chave: raça- classe - sociabilidade
Resumo expandido:
Nesta comunicação problematizo quais os interesses levaram as/os trabalhadoras/es negras a conformar experiências coletivas de sociabilidade. Pretendo entender as possibilidades dos usos da sociabilidade como via de acesso às experiências coletivas de classe a partir de sujeitos descendentes de escravizados nas cidades de Pelotas, Jaguarão, Bagé (Brasil) e Melo (Uruguai). Adoto como lócus de análise os clubes sociais Vinte e Quatro de Agosto fundado em 1918 em Jaguarão; Fica Ahí P’rá Ir Dizendo fundado em 1921 em Pelotas, Os Zíngaros fundado em 1936 em Bagé e o Centro Uruguay criado em 1923 em Melo. Todos criados por trabalhadores. Adoto como fontes a documentação interna dos clubes, como estatutos e atas de diretoria e assembléia, e a imprensa negra de Pelotas (A Alvorada) e Melo (Acción e Orientación). Analiso o perfil profissional dos fundadores. Observo como a ideia de raça e de classe emergiu como sinônimo nesses espaços e interpreto o(s) significado(s). Atento para como por trás dessa linguagem utilizada para referenciar associadas e associados dos clubes sociais negros, as categorias raciais eram ressignificadas e reinventadas como critérios de classificação em uma ordem social racializada e como esse critério foi acionado através de lutas reivindicatórias. Comparo matérias veiculadas na imprensa negra que articulam raça, classe e reivindicação com o poder público para problematizar os interesses que levaram os grupos a lutar, sem perder de vista a relação com as ideias centrais para pensar o lugar social dos ex-escravizados e seus descendentes após a abolição da escravidão – escravidão, cidadania e racialização – a partir de processos históricos a princípio distintos, em decorrência da distância em relação à abolição da escravidão, porém, com dimensões conectadas através dos objetivos almejados. O pós-abolição como problema histórico, referência explícita a problemática de Hebe Matos e Ana Maria Rios (2004), refere-se a um campo de reflexão e de pesquisa que problematiza os atributos que foram utilizados para compor o significado da liberdade, a partir de três pontos centrais: escravidão, cidadania e racialização. Estes pontos são permeados pelos significados da raça na história das sociedades que passaram pela escravidão moderna. O objetivo dessa comunicação vincula-se diretamente com a racialização, no entanto, explicito que os três pontos são centrais e relacionais. Essa região de fronteira foi historicamente interpenetrável, caracterizando-se como um espaço em que os limites nacionais foram constantemente manejados por sujeitos localizados em diferentes esferas sociais. Esse manejo deu-se especialmente em relação à abolição da escravidão. A proibição da escravidão no Uruguai é datada em 1842 e 1846, respectivamente pelo governo Colorado com sede em Montevidéu, e pelo governo Blanco com jurisprudência no interior. No entanto, na região da fronteira com o Brasil muitos eram os proprietários de terras brasileiros, os quais utilizavam mão de obra escrava no lado brasileiro. É nesse ínterim que surgem os contratos de peonagem, a militarização obrigatória dos homens aptos uruguaios e a tutela de mulheres e homens inaptos pelos senhores de terras uruguaios. O que, resumidamente, nos permite uma reflexão sobre os significados da liberdade para os ex-escravizados e seus descendentes, assim como uma reatualização da racialização no trabalho. Cerca de 40 anos depois da abolição uruguaia, em 1888, o Brasil aboliu a escravidão. Em nenhum dos dois países adotou-se uma legislação baseada na ideia de raça explicitamente, e ambas as nações, no século XX, adotavam como ideologia nacional a democracia/harmonia racial. Essa pequena contextualização histórica tem como objetivo oferecer indícios das limitações de cidadania vivenciadas pelos oriundos do cativeiro e seus descendentes, e do refazer-se da raça. Permite também que observemos o pós-abolição de forma sincrônica, visto que os clubes coexistiram, mas também de forma diacrôncia, visto que o espaço de tempo em relação à abolição tem um intervalo de quase meio século. Porém, em que a ideia de raça negra ainda vigorava como uma distinção plausível e aponta para a atribuição de um lugar social diferenciado. Dessa forma, poderemos acompanhar o destino dos descendentes de escravizados nessa região, e a experiência vivida em relação à identidade social distintiva entre os trabalhadores. A partir de dois exemplos abordo a forma como a sociabilidade pode auxiliar na compreensão das complexidades da classe trabalhadora, especialmente a não operária, e os interesses compartilhados que parecem apontar para uma especificidade racial dentro da grande coletividade dos trabalhadores: a escola José do Patrocínio e a figura do herói Ansina.
O processo de racialização no pós-abolição, em um e outro lado da fronteira, era algo cotidiano, não legalizado em termos de segregação racial, mas passível de ser acessado através das experiências que sustentavam a vida das pessoas. Dessa forma, pretendo ilustrar um exemplo de objetivos compartilhados pelos negros pelotenses através da escola José do Patrocínio. Viabilizar uma escola, em um espaço vinculado à raça, seja esse intermitente ou não, significa proporcionar o direito básico à educação e vincular isso aos objetivos de clubes identificados pelos outros e auto-identificados nas relações cotidianas como de negros. Ter uma sede própria, como no caso do Fica Aí, e nessa sede oferecer aulas é mais que simbólico, é objetivamente exteriorizar de forma pública ao que um espaço de negras/os serve, e o que o grupo negro reivindica enquanto direito, ao significar a raça de uma forma que estava de acordo com os ditos da sociedade harmônica e culta, mas também demonstra que essa sociedade ainda apresentava problemas e não viabilizava satisfatoriamente um direito básico. Essa forma de gestar o pensamento e as estratégias de ação estava também na base dos estatutos do Centro Uruguay e do Clube 24 de Agosto. Corroboro, assim, a perspectiva de Thomas Holt (1995, p. 14) ao afirmar que “é precisamente na vida cotidiana que a racialização tem sido mais efetiva, onde ela faz a raça”. O clube social uruguaio contestou a invisibilidade racial e a partir dele os grupos se organizaram para contrapor a (não) visão reivindicando um lugar para os negros, uma negritude patriótica, a partir do símbolo de Ansina, o fiel escudeiro de Artigas, prócer da independência uruguaia. Essa perspectiva permite expandir a compreensão dos interesses que levaram os negros a lutar a partir de um espaço envolto numa área de lazer que não comporta, no imaginário, a face política. Porém, a cultura mesmo no seu sentido mais restrito, também comporta significados. E, se afigura como uma boa forma de acessar as experiências de racialização na classe trabalhadora através de comportamentos vividos - nem sempre ditos, costumeiramente fluídos, por vezes silenciados e invisibilizados nos estudos históricos - quais parecem caracterizar a complexidade da classe trabalhadora na América Latina.
Referências bibliográficas:
- Fontes primárias:
Jornais -
Acción (1934-1952) – Biblioteca Nacional Del Uruguay
A Alvorada (1931-1935; 1946-1957) – Biblioteca Pública Pelotense; acervo do Clube Cultural Fica Ahí P’rá Ir Dizendo e acervo pessoal de Catharina Motta, gentilmente cedido.
Orientación (1944- 1952) - Biblioteca Nacional del Uruguay e acervo pessoal de Juan María Pose.
Documentos internos -
Estatutos Generales Del Centro Uruguay (1932) – Acervo pessoal de Ramón Farias, gentilmente cedido.
Estatutos do Club 24 de Agosto – Jaguarão, 1955 (1964) – Acervo do Club 24 de Agosto.
Estatutos da Sociedade Recreativa Os Zíngaros (1948) – Acervo do Clube Os Zíngaros, gentilmente cedido pelo historiador Tiago Silva.
LIMA, Giselda Maria Marques. Histórico do Clube Cultural Fica Ahí P’rá Ir Dizendo. 2001 – Acervo do Clube Cultural Fica Ahí P’rá Ir Dizendo.
Libro de actas Del Centro Uruguay (1942-1943) – Acervo pessoal de Ramón Farías, gentilmente cedido.
Livro de atas do Club 24 de Agosto-1955-1959 – Acervo do Club 24 de Agosto.
Livro de atas do Clube Fica Ahí P’rá Ir Dizendo- 1938-1943; 1947-19572001 – Acervo do Clube Cultural Fica Ahí P’rá Ir Dizendo.
- Livros:
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CHAGAS, Karla; STALLA, Natalia. Recuperando la memoria: Afrodescendientes en la frontera uruguayo brasileña a mediados del siglo XX. Montevideo: Mastergraf, 2009.
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